O último investigado na nona fase da Operação Lava Jato que
faltava ser preso se entregou neste domingo na Superintendência da Polícia
Federal em Curitiba, onde os demais investigados estão presos. Mário Frederico
Mendonça Goes estava foragido desde quinta-feira passada, quando teve prisão
decretada, mas não foi encontrado em seu endereço, no Rio de Janeiro.
Segundo o Ministério Público Federal, Goes operava um esquema
de corrupção na Petrobras usando a mesma forma de atuação do doleiro Alberto
Youssef e do empresário Fernando Baiano: recolhendo propina de empresas
privadas para agentes da estatal e ocultando a origem dos recursos.
Goes apareceu nas investigações por meio de delação premiada
do ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco e depoimento espontâneo de Cíntia
Provesi Francisco, ex-funcionária da Arxo Industrial, cujos sócios foram
presos, acusados de pagar propina a BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras.
Com o dinheiro oriundo de pagamentos indevidos, o acusado é suspeito de ter
comprado um avião particular, registrado em nome de sua empresa, a Riomarine
Óleo e Gás.
A ex-funcionária da Arxo afirmou que os pagamentos de propina
eram intermediados por Mário Goes. Para dar aparência de licitude aos
contratos, a Arxo usava notas fiscais frias compradas de terceiros, segundo a
denúncia. Barusco disse que havia um
"encontro de contas" entre ele e Goes, nos quais eram entregues
"mochilas com grandes valores de propina, em espécie", que variavam
de R$ 300 mil a R$ 400 mil. No local, era feita a conferência de cada contrato,
contabilizando as propinas pagas e as pendentes.
De acordo com o Ministério Público Federal, Gilson João
Pereira e João Gualberto Pereira, sócios da Arxo, e Sergio Ambrosio Marçaneiro,
diretor financeiro, pagavam propina para obter contratos com a BR
Distribuidora, subsidiária da Petrobras. Todos estão presos na Superintendência
da Polícia Federal em Curitiba. Os pagamentos ocorreriam em contratos com a BR
Aviation, empresa da Petrobras especializada no abastecimento de aeronaves. A
Arxo vende tanques de combustíveis e caminhões-tanque.
Segundo o advogado Leonardo Pereima, os sócios da empresa
nunca pagaram propina para a Petrobras e não tiveram contato com o ex-gerente
da estatal Pedro Barusco e com o ex-diretor de Serviços Renato Duque. Para a
defesa, as acusações decorrem apenas de vingança da ex-funcionária do
departamento financeiro, demitida por desviar cerca de R$ 1 milhão.
Terra
Nenhum comentário:
Postar um comentário